Bruna Alexandre terá papel histórico em Paris. Fotos: Mauricio Val/FV Imagem/CBTM
Por Comunicação CBTM
Um dos maiores exemplos de superação e inclusão não somente no tênis de mesa, mas em todo nosso esporte. A definição se aplica perfeitamente a Bruna Alexandre. Em Paris, ela escreverá seu nome na história como primeira atleta paralímpica a participar dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos numa mesma edição.
Atravessar um ciclo olímpico pela primeira vez foi desafiador para Bruna. Disputou relevantes competições: Campeonato Sul-Americano, Jogos Pan e Parapan-Americanos no Chile, Mundial de Equipes na Coreia do Sul... Desafios que fizeram parte de uma intensa preparação.
"O ciclo olímpico é muito diferente do paralímpico, mais competitivo. Consegui superar vários obstáculos, mas confesso que estava com um pouco de medo de não conseguir jogar de igual para igual com as adversárias. Disputei o Sul-Americano olímpico e cheguei às semifinais, ganhando vários jogos. Isso me deu confiança", revela Bruna, prosseguindo:
"Quando disputo competições olímpicas, tenho que virar a chave na minha cabeça. Mas consegui me adaptar bem. Depois vieram os Jogos Pan-Americanos, foi um grande desafio para mim. Jogar com a Bruna e a Giulia Takahashi foi muito bom, também no Mundial da Coreia, do qual participaram as melhores jogadoras do mundo, da China, Japão. Foi nesta competição que senti, pelo meu desempenho, que poderia fazer parte da equipe olímpica do Brasil", disse.
Bruna citou também sua boa performance do WTT Contender do Rio de Janeiro. Neste torneio, enfrentou a adversária melhor ranqueada de sua carreira até o momento, a chinesa naturalizada alemã Xiaona Shan (então 39ª do mundo), e vendeu caro a derrota por 3 a 2 nas oitavas de final.
Ineditismo e inclusão
Concretizar o inédito feito de disputar Jogos Olímpicos e Paralímpicos na mesma temporada era um sonho que Bruna Alexandre nutria desde que ingressou no esporte em sua cidade natal, Criciúma, interior de Santa Catarina. Ele estava ciente das dificuldades, mas não desistiu.
"Sempre sonhei com isso. Jogo o olímpico desde pequena e somente depois descobri o paralímpico. Contudo, depois de Paris, quero alcançar mais coisas. Continuar jogando na equipe olímpica, treinando firme e, quem sabe, poder disputar mais uma Olimpíada. É um caminho bem longo, competitivo. E preciso trabalha cada vez mais para seguir em frente".
Bruna tem consciência de que chamará atenção diferenciada dos atletas na Vila Olímpica de Paris, pelo fato de ser uma atleta paralímpica. Ela conta que não terá essa experiência pela primeira vez e que se sente feliz por poder passar uma mensagem de inclusão.
"Nos Jogos Pan-Americanos, ano passado, no Chile, senti que muitas pessoas ficaram me olhando. Imagino como será nos Jogos Olímpicos, com pessoas do mundo inteiro... Será especial para mim, não somente no âmbito do esporte, mas pensando em todas as pessoas com deficiência. Mostrar que tudo é possível me motiva muito. Espero que algum dia isso seja algo normal em nosso país e no mundo também", afirma.
Preparadas
Ao lado das irmãs Takahashi (Laura Watanabe também faz parte do time, mas como suplente), Bruna Alexandre vai disputar a competição por equipes pelo Brasil. Terão pela frente, adversárias fortes, de alto nível. Mas ela crê estar preparada para os desafios.
"O tênis de mesa olímpico possui um nível altíssimo. Há adversárias muito fortes. Mas eu e as meninas estamos jogando muitos campeonatos de alto nível, fomos muito bem no Mundial da Coreia. Acreditamos que tudo é possível quando se trabalha sério como nós estamos trabalhando. Podemos surpreender muitos países", aposta.
Atualmente com 29 anos, Bruna treina desde os 7, quando já chamava a atenção por seu desempenho. Começou no olímpico, mas ao ingressar no paralímpico percorreu um caminho glorioso: medalha de prata no individual dos Jogos de Tóquio 2020 e bronze nos Jogos Rio 2016; bronze por equipes nas duas edições, e ouro na dupla mista (com Paulo Salmin) no Mundial de 2022, na Espanha.
Músicas, pets, séries...
Quando não está nas mesas treinando ou competindo, Bruna gosta de passar o tempo ouvindo música. Curte a sertaneja, mas confessa ser fã de uma cantora com estilo totalmente próprio, considerada polêmica por muitos, em razão de suas letras e sua atitude em cena: "Gosto muito da Anitta".
Dona de dois cães de pequeno porte, Bruna Alexandre não esconde o carinho que nutre por ambos. Se chamam Dudu e Neném, têm nove e dez anos, respectivamente. "O segundo é mais agitado, mas ambos são bonzinhos. Os levo para passear todo dia", conta Bruna.
Bruna tem um gosto em comum com Giulia Takahashi, colega na equipe brasileira: séries de TV coreanas. "Minhas preferidas são: 'Pousando no amor' e 'Rainha das lágrimas'. Gosto de maratonar em casa ou mesmo viajando; quando pego uma série, vejo 10, 15 episódios em dois dias."
Skatista
Por fim, Bruna, que mora sozinha em São Paulo e se dedica diariamente aos treinamentos no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, revela ter outro esporte que gosta de praticar com frequência: o skate.
"Gosto bastante de skate. Vou muito ao Parque do Ibirapuera andar de skate, pratico desde pequena. Creio que isso me ajudou muito no tênis de mesa no que diz respeito ao equilíbrio do corpo", afirma.
Croissant
Ter a oportunidade de disputar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos num local com uma aura inspiradora como Paris, para Bruna, é uma dádiva. E a lembrança da Cidade Luz que mais guarda, ao contrário da maioria, não é a da Torre Eiffel:
"Estive algumas vezes em Paris e gostei muito. A França é um país muito organizado, a Europa toda é assim. Agora, se me perguntar o que gostei mais de lá, digo que foi o croissant! O que eles fazem lá é diferente de todos. Não sei se o segredo está na massa, sempre que vou a Paris compro um. Mas também gosto da Torre Eiffel", conta, bem-humorada.
Na verdade, Bruna já competiu na França anteriormente, em torneios paralímpicos. Neles, enfrentou adversárias fortes, como as chinesas, fato que serviu como uma preparação a mais visando os desafios que terá pela frente daqui a alguns dias nos Jogos.
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