Paulista de Jundiaí, Joyce é tetracampeã para pan-americana. Foto: Dhavid Normando (FVimagem.com/CBTM)
Por Comunicação CBTM
Com otimismo, fé e boa preparação, Joyce Oliveira chega a Paris para defender o Brasil em sua quarta participação nos Jogos Paralímpicos. Ela esteve presente em Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2020 - nesta última, conseguiu chegar até as oitavas de final. Agora, tentará subir ao pódio para marcar ainda mais seu nome no tênis de mesa paralímpico brasileiro.
Tetracampeã para pan-americana, Joyce, de 34 anos, está inscrita na classe 3 e chega embalada à capital francesa. Em junho passado, na última competição internacional disputada antes dos Jogos Paralímpicos, formando dupla com Cátia Oliveira (que também estará em Paris), ela faturou ouro no Aberto Paralímpico da República Tcheca na classe WD5.
Desafio
Natural de Jundiaí-SP, Joyce foi atingida na coluna cervical por uma marquise de ponto de ônibus em 2002, quando tinha 12 anos, e ficou paraplégica. Durante o tratamento a que foi submetida em Brasília, conheceu o tênis de mesa. Ao retornar a São Paulo, ingressou de vez no esporte.
"Conheci o tênis de mesa no Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília, onde fui realizar tratamento após o acidente que sofri. Durante os dois meses que fiquei lá, fui direcionada para a prática do tênis de mesa, pois eles usam a inserção no esporte para auxiliar no tratamento", conta Joyce.
"Disseram que eu levava jeito para o tênis de mesa. Quando voltei para São Paulo, na AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), em Osasco, onde já realizava tratamento, soube que havia tênis de mesa. Daí comecei a treinar e jogar por lá", relata a atleta, que joga desde 2005 e foi convocada pela primeira vez em 2007.
Aceitação
Joyce Oliveira afirma que o esporte transformou positivamente, de forma completa, sua vida. Além de ter se tornado sua profissão, trouxe uma alegria de viver que o acidente chegou a abalar durante algum tempo.
"Eu tinha muita vergonha do meu problema. Ao conhecer outras pessoas passando pela minha situação, às vezes até com uma deficiência maior, crianças com sorriso no rosto, aprendi muita coisa. Que eu não deveria me fechar, que precisava entender a minha condição e tinha o direito de ser feliz", afirma.
A superação e as conquistas de Joyce Oliveira, que servem de exemplo a tantas pessoas que passam por problemas semelhantes, ganharam uma motivação especial há seis anos, quando ela deu à luz a Braian, seu filho. Em Paris, será a segunda vez que disputará os Jogos Paralímpicos na condição de mãe.
A vida de atleta proporciona um conhecimento amplo do mundo, já que se viaja muito. Joyce tem boas lembranças de suas viagens, mas relata que alguns ‘perrengues’ também fazem parte dessas ocasiões.
"É muito legal conhecer lugares e países. Mas há também dificuldades durante as viagens, principalmente para quem tem deficiência. Temos que ter sempre quarto adaptado e pessoas para nos ajudar. Mas sempre recebemos muita ajuda de quem viaja conosco", conta.
Mudança
Dona de títulos nacionais, continentais e pan-americanos, Joyce Oliveira afirma ainda ter sonhos a realizar e metas a cumprir em sua carreira. E um deles pode ser realizado em Paris, agora numa classe diferente da que competia anteriormente.
"Já conquistei títulos, mas me faltam medalhas em um Campeonato Mundial e nos Jogos Paralímpicos. A Paris, chego de forma diferente, sabendo do que sou capaz e do que posso alcançar. Mudei de categoria: era classe 4, hoje sou classe 3. Não que seja mais fácil, mas me sinto melhor preparada", explica Joyce, completando:
"A medalha é o sonho a realizar, porém o mais importante é poder colocar em mesa tudo o que treinei todos os dias. Às vezes, chateia mais não conseguir jogar bem; vencer é consequência, é um jogo, alguém tem que ganhar. É claro que quero a medalha, mas ela é consequência."
A simplicidade de Joyce pode ser medida pelo seu prato preferido: arroz com feijão. O gosto se deve ao fato de, durante as muitas viagens que faz, ser difícil desfrutar da combinação. Além disso, ela tem outra característica bem brasileira: antes do acidente, o esporte que praticava era o futebol.
"Gostaria de convidar todo o público brasileiro a acompanhar os Jogos e a torcer por nós. Nos Jogos Olímpicos, a torcida foi muito forte; muita gente acompanhou o tênis de mesa. Espero que aconteça o mesmo nos Paralímpicos, para que, além da energia, possamos ter mais visibilidade", concluiu.
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