Massad começou no futsal, mas a paixão pelo tênis de mesa falou mais alto. Foto: Dhavid Normando (FVimagem/CBTM)
Por Comunicação CBTM
Um sonho após outro. Primeiro, a conquista do título individual nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago; em seguida, a inédita classificação para os Jogos Olímpicos de Paris. O experiente Claudio Massad, de 39 anos, mostra a alegria e a motivação de um menino para seguir construindo sua história no tênis de mesa. Na capital francesa, ele brigará por medalhas no individual e nas duplas masculinas (ao lado de Luiz Filipe Manara).
Após iniciar sua carreira no olímpico (no qual foi bicampeão brasileiro), ingressou na classe 10 paralímpica há dez anos. Desde então, conquistou 35 medalhas internacionais, sendo oito em Jogos Parapan-Americanos (cinco ouros, duas pratas e um bronze). É o líder do ranking em sua classe no Brasil e o atual número 18 do mundo.
Futsal
Curiosamente, em seu clube - o Sesi de sua cidade, Bauru (SP) - Claudio Massad primeiramente jogava futsal; depois, migrou para o tênis de mesa, onde construiu uma vitoriosa carreira e permanece até hoje. Ele relembra como foi essa mudança.
"Sempre gostei de esportes, mesmo sendo 'gordinho'. Jogava futsal no Sesi de Bauru. Naquele momento, eu treinava futsal por uma hora e ficava quatro no ping pong. Quando meu técnico de futsal falou para que eu optasse por uma das modalidades, escolhi o tênis de mesa e comecei a treinar no Clube Nipo, em Bauru, onde teve início a minha trajetória nas mesas. Isso foi no final de 1997", conta Massad.
Deficiência
Aos dez anos de idade, Claudio Massad foi diagnosticado com a doença de Blount, um distúrbio de crescimento que afeta os ossos e provocou a deformação progressiva de sua perna esquerda. Ele explica o problema que causou sua deficiência.
“Aos dez anos, tive uma erisipela na parte inferior da perna esquerda. Daí, acabou alcançando o osso e minha perna começou a crescer torta. Passei por uma osteotomia, uma cirurgia que consiste no corte do osso, em 2001, na tíbia e na fíbula. Essa intervenção corrigiu parte do problema, mas não totalmente", relata Massad, revelando também como o tênis de mesa é importante para ele.
"O tênis de mesa é tudo na minha vida. Comecei numa brincadeira e logo fui campeão regional. Isso no olímpico. Vi que era uma modalidade muito democrática, pois mesmo não tendo o biotipo de atleta consegui me sair bem. Passei a dividir o esporte com os estudos e, em 2007, me formei em Direito. Mas minha vida era o esporte e, no ano seguinte, fui treinar em Marília, um dos grandes polos da modalidade", declara Massad, revelando também como um drama familiar teve importância em sua opção.
Mudança de chave
"Nesta época, perdi um irmão, que faleceu em decorrência da gripe H1N1. Quando ele estava internado, tivemos uma conversa na qual ele revelou o quanto tinha sido infeliz por não ter feito algo que realmente amasse, e sim o que quiseram que ele fizesse. Ele disse que passaria a agir de outra forma, mas veio a falecer dias depois e não conseguiu. Esse fato foi uma mudança de chave na minha vida", diz.
Decidido a assumir de vez sua carreira como atleta profissional de tênis de mesa - ainda como olímpico - Massad foi cursar Educação Física. Em 2014, ingressou no paralímpico e obteve muito sucesso, conquistando medalhas internacionais, participando de campeonatos parapan-americanos e mundiais. E agora, tendo a chance de participar pela primeira vez dos Jogos Paralímpicos.
"Participar dos Jogos Paralímpicos é a realização de um sonho. Sonhei com isso quando ainda era um garotinho, e agora estou indo para essa disputa. Chego muito preparado e vou lutar por uma medalha. Sei o quanto é difícil, mas tenho consciência de que estou entre os melhores de minha classe, modéstia à parte. Acredito no meu potencial. Além disso, quero ser um exemplo para as pessoas lutarem pelos seus sonhos. Que acreditem nos seus sonhos e lutem por eles, com trabalho e muita fé em Deus", deseja, pedindo à torcida brasileira que emane bastante energia positiva.
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