Por CBTM
Depois dos Jogos Olímpicos de Londres, ano passado, o incansável Hugo Hoyama, que acabava de se igualar ao iatista Torben Grael e o cavaleiro Rodrigo Miranda, como os brasileiros que mais participaram do maior evento esportivo do mundo, anunciou que só iria ao Rio de Janeiro, em 2016, como técnico.
Sem conseguir ficar longe das mesas, Hoyama reluta em abandonar as raquetes e ainda não descarta oficialmente participar dos Jogos do Rio como jogador. Uma coisa, no entanto, já é certa. O anúncio feito ainda na Inglaterra começa a ganhar corpo. Desde janeiro, o maior nome da história do tênis de mesa brasileiro se divide entre as mesas e sua nova função, como técnico da seleção brasileira feminina.
O trabalho ainda está só começando, mas já tem uma conquista e metas ambiciosas traçadas.
--- Desde que a gente começou até agora já melhorou bastante coisa, é um trabalho longo e estou confiante em alcançar um primeiro grande objetivo, que é ganhar uma medalha de ouro no Pan de 2015, que é um resultado que o feminino nunca teve --- projeta Hoyama, que esteve em Londrina na semana passada para gravar um comercial para uma escola de cursos profissionalizantes.
E de Pan, ele entende. Hoyama é, ao lado do nadador Thiago Pereira, o brasileiro com maior número de medalhas conquistadas na competição, com dez no total. O Pan-Americano de 2015 será realizado em Toronto, no Canadá.
À frente da seleção feminina, o agora treinador e jogador terá importante papel no processo de evolução do tênis de mesa brasileiro, em evidência nos últimos meses graças aos resultados alcançados pelos atletas brasileiros em campeonatos importantes mundo afora.
--- O masculino vem muito bem, com o pessoal apresentando um nível muito bom e conseguindo bons resultados. No feminino, também. A gente já tinha um respeito legal, e agora com estes resultados está aumentando. Isso é importante --- observa Hoyama, que no comando da seleção já venceu o Latino-Americano e teve participação modesta no Mundial da França.
Por outro lado, este salto de qualidade ainda não é suficiente para colocar o Brasil entre os cotados para brigar por medalhas em casa daqui a três anos.
--- Acredito que podemos sim brigar para fazer melhor participação brasileira numa Olimpíada, mas falar em medalha é difícil. No masculino, por equipes, a chance é boa de lutar entre os primeiros, de ficar entre os oito, o que já seria um grande resultado. No feminino já é um pouco mais complicado, pois é mais concorrido --- analisou.
Para mudar esse panorama para os próximos jogos olímpicos e fazer do Brasil uma potência na modalidade, é preciso, segundo ele, um trabalho de divulgação, com base nas escolas.
--- Tem que crescer muito aqui dentro ainda, não digo só praticantes, que aumentou bastante nos últimos anos, mas o nível técnico também. E tem que começar desde pequeno nas escolas, onde a chance é maior de um garoto se interessar pelo tênis de mesa, e depois procurar um clube para jogar --- ensina.
Ciente dessa necessidade, o maior mesatenista brasileiro fundou em 2011 o Instituto Hugo Hoyama, que realiza em São Bernardo (SP), sua cidade natal, um projeto de divulgação do tênis de mesa em escolas.
--- Em toda escola que vou e tem uma mesa, sempre tem alguém brincando e é assim que começa. Comecei assim com sete anos de idade, na brincadeira --- lembrou.
--- O brasileiro tem muito talento para esporte e é questão de incentivar --- encerrou Hoyama, que também é dono da melhor participação brasileira em Olimpíada, quando chegou nas oitavas em Atlanta-1996.
Folha de Londrina