Por CBTM
A estrutura é mínima. Um pedaço de cabo de vassoura substitui o bastão usado na prova do revezamento do atletismo. Os percursos da corrida são improvisados. O tênis que calça os pés suados nem de longe lembra as modernas sapatilhas usadas pelos astros do esporte. Mas tudo isso nada importa para quem acorda todos os dias sonhando com um futuro melhor.
Vencer diariamente os obstáculos e os limites que o esporte lhe impõe é um estímulo para Larissa Pereira da Silva, de apenas 15 anos, acreditar que um dia pode brilhar, quem sabe representando o Brasil nos Jogos Olímpicos. Não é preciso nem perguntar para saber que este é o sonho, não só dela, mas de todas as 180 crianças atendidas pelo projeto esportivo do contraturno escolar da Ong AME (Associação Mãos Estendidas), no Conjunto Novo Amparo, zona norte de Londrina.
--- Vou levar um futuro bom, ajudar minha família e quem sabe se tornar (sic) uma atleta boa e disputar grandes competições --- vislumbra a menina ao ser perguntada sobre quais as lições que o esporte lhe traz.
O sonho de um dia deixar para trás a realidade dura e humilde que o cerca em casa e em em tudo que está diante de seus olhos é a motivação que leva Kléber Rafael Melo, de 13 anos, a tentar a vida no esporte. Todas as semanas, ele se divide entre o basquete e o atletismo. Qual ele vai seguir pouco importa nesse momento. "Esse projeto é muito importante para mim. Quero treinar e poder ajudar minha família a ter uma vida melhor", mira o menino, que venceu a última edição da Prova Adriana de Souza, em Ibiporã, na categoria infantil, e é considerado uma das promessas do atletismo do projeto.
Ajudar todos estes jovens a despertar para o esporte é apenas uma das missões do projeto que tem mudado a vida de muita gente no bairro. A formação do cidadão, papel fundamental na sociedade atual, também auxilia os jovens esportistas a se prepararem para o mundo.
--- Desde que entrei no projeto sou mais feliz, tenho mais amigos e estou longe das coisas ruins --- contou Kevin Lincoln da Cruz, de 12 anos.
--- Muita coisa mudou. Agora eu estudo mais e quero treinar também para ser um bom atleta --- completou Elivélton Marques.
--- Aprendi a obedecer os mais velhos, os professores e que sem estudo a gente não consegue nada --- valorizou Ezequiel Mateus, de 12 anos.
--- O valor social é o principal, mas se sair um atleta é importante, que eles se desenvolvam como cidadãos. O esporte é uma ferramenta para a gente conseguir colocá-los neste contexto. É um trabalho árduo, mas gratificante quando a gente os vê empolgados, com essa vontade de ter uma vida melhor --- falou o educador social Evandro Camargo, que trabalha na AME e é o responsável pela disciplina de atletismo.
Além do atletismo e do basquete, o projeto criado há quase dois anos também possui oficinas de iniciação para outras duas modalidades, o tênis de mesa e o xadrez. A Ong AME já existe há mais tempo e desde 2004 oferece atividades socioeducativas no contra-turno escolar para crianças de 6 a 14 anos no Conjunto Novo Amparo e nos bairros vizinhos.
A Confederação Brasileira de Tênis de Mesa conta com recursos da Lei Agnelo/Piva – Lei de Incentivo Fiscal e Governo Federal – Ministério do Esporte.
Folha de Londrina