Por CBTM
A já conhecida capacidade que o esporte tem de mudar a vida das pessoas é explicitada nas competições que contam com para-atletas. No 45º Campeonato Brasileiro de Tênis de Mesa não é diferente. Com 167 de 21 classes masculinas e femininas inscritos no torneio, algumas histórias chamam atenção. Uma delas é a de Josiane Cirico, da Associação Joinvilense de Tênis de Mesa. Atleta da classe 11, ela começou a praticar esportes por insistência familiar, mas acabou se apaixonando pela segunda opção que teve.
“Comecei no tênis de mesa graças à minha tia, que sempre gostou de esportes. Quando me aconteceu a paralisia, ela me incentivou bastante a procurar algum para praticar. O médico me disse que tinha de movimentar o corpo, então escolhi a natação, pois a água ajuda nesse trabalho. Tive de parar por conta do esforço muito alto, e tenho um pequeno problema no coração e ficava muito cansada”, disse Josiane, lembrando com carinho de sua saudosa tia, Dona Maria.
“Entrei no esporte graças a ela, foi ela quem me incentivou, então devo isso a ela. Quando ganhei minha primeira medalha, ela havia falecido há pouco tempo. Dediquei a ela e fiquei muito emocionada”, completou a atleta, medalhista de bronze no Campeonato Brasileiro.
Como em quase cem por cento dos casos, o esporte aumenta a qualidade de vida dos praticantes, sendo eles deficientes ou não. Josiane viu, além da saúde, seu comportamento melhorar.
“A maior mudança foi ‘espiritual’. Eu era muito quieta, tímida. Quando minha tia morreu, foi um trauma muito grande, pois eu morava com ela durante a semana e com minha mãe aos sábados e domingos, devido ao fato de minha mãe ser enfermeira e passar muito tempo fora de casa. Não larguei o esporte para poder continuar melhorando e seguir os passos dela”, explicou a atleta, fazendo eco às declarações de sua técnica, Denise Adão.
“A Joseane é muito dedicada e só falta aos treinamentos quando sente alguma dor – Joseane tem platina no joelho. Ela fala com todo mundo, brinca, e isso faz com que seja muito querida pelos atletas e treinadores. Além disso, é bem independente, faz as coisas sozinhas. É claro que em algumas situações ela precisa de ajuda, mas faz quase tudo sozinho”, revelou Denise.
Superando obstáculos diariamente, Joseane esbanja alegria de viver e manda um recado às pessoas que, muitas vezes, reclamam de situações que são banais se comparadas às outras dificuldades.
“Vejo pessoas que falam mal da organização da Copa, dos investimento em estádio, por exemplo, mas nunca pararam para ajudar uma pessoa que seja, em qualquer situação. Às vezes reclamo e quero mudar de classe no tênis de mesa, mas paro e vejo que meus adversários estão em uma situação pior que a minha. Temos de parar para pensar no que temos. Nossa vida não é só ganhar, nós perdemos também”, analisou a catarinense, revelando como o tênis de mesa a inspira para a vida.
“No Tênis de Mesa temos de ter muita concentração e eu levo isso para o meu dia a dia. Se consigo me concentrar no tênis de mesa, consigo me concentrar na vida, correr atrás. Isso que não pode acabar”, finalizou.
A Confederação Brasileira de Tênis de Mesa conta com recursos da Lei Agnelo/Piva – Lei de Incentivo Fiscal e Governo Federal – Ministério do Esporte.