Por CBTM
Atleta cearense chegou à final no México, em 2011
Da redação, no Rio de Janeiro (RJ) – 29/12/2014
Em novembro deste ano, ocorreu a Seletiva Parapan-Americana na cidade de Joaçaba (SC), definindo os atletas que representarão a seleção brasileira em Toronto, no Canadá, pela competição continental de 2015. Um desses vencedores, pela Classe 3, foi David Freitas, um cearense que deve muito ao tênis de mesa e está indo para seu segundo Jogos Parapan-Americanos.
O mesatenista de 36 anos conquistou a vaga após vitória por 3 a 1 sobre Jorcerley da Silva – mas jogando de forma diferente do que costuma.
“Em 2010, na seletiva para o Parapan de Guadalajara (México), passei mal por causa do frio em São Paulo, estava em torno de 12 a 9 graus, senti muita dificuldade, ainda mais a gente que está acostumado com o calor do Ceará, mas graças a Deus me mantive tranquilo, usei mais a parte defensiva e consegui vencer. E nesse ano, para não fugir à regra, eu acabei tendo uma queda de pressão, mas consegui superar também jogando defensivamente. Acho que pode ser o emocional também”, conta David, que vibrou muito com a vaga disputada na mesa em alto nível.
“É um momento ímpar quando conquistamos uma vaga como essa, ainda mais quando é uma competição como essa, com atletas de todas as idades. É muito gratificante poder representar o Brasil, me sinto muito agraciado”, comemora.
Mas não é só pela qualidade dos adversários que o mesatenista valoriza a vaga nos Jogos Parapan-Americanos, e, sim, por todo esforço realizado ao longo do ano de 2014, conciliando treinamento e o trabalho no Departamento Estadual de Trânsito do Ceará (Detran-CE).
“Passei no concurso há três anos e fui convocado em fevereiro. Eu sou o único agente de trânsito cadeirante em atividade do país e sou coordenador da prova de primeira habilitação também”, conta um orgulhoso David, que não tem uma rotina fácil entre sua casa, em Fortaleza, e a cidade de Quixadá, a 173 quilômetros da capital.
“Eu saio todo dia às 5h da manhã. Segunda, quarta e sexta-feira eu saio de lá às 14h, troco de roupa muitas vezes no carro mesmo e treino de 16h às 21h. Agradeço muito a Deus pela minha saúde”, relata o mesatenista.
Ainda segundo David, apesar da crença de que “nordestino é cabra macho, que não chora”, a emoção foi muito grande na hora da conquista da vaga para se manter fiel às raízes.
“Apesar dessa ‘fama’, eu me emocionei muito pela minha trajetória, por eu ter deixado um pouco o tênis de mesa de lado por causa do trabalho. Tive um problema de saúde também, tenho sentido um pouco de cansaço com meus treinos, mas não desisti. Quando eu vi o árbitro apontando que fui campeão não contive as lágrimas e me senti abençoado”, disse o cearense.
David Freitas já conheceu quatro países através do tênis de mesa em seis anos empunhando a raquete. Apesar do orgulho com que lembra das conquistas na mesa, o principal troféu para ele foi recuperar sua autoestima.
“Em 2008, eu vi um anúncio e resolvi participar das Paralimpíadas Escolares do Ceará, jogando xadrez, que era o que eu gostava. Chegando lá, o Eugenio Sales (presidente da federação estadual) me chamou para jogar e disse uma frase que lembro até hoje: ‘Aqui, a gente está é para brincar, e não para mostrar que ninguém é melhor que ninguém não’. A partir daí, é o que eu sempre digo: tênis de mesa, depois que você marca seu primeiro ponto, se apaixona. E já naquele torneio fui vice-campeão”, recorda o agente do Detran.
“O tênis de mesa trouxe minha autoestima novamente. Havia quatro anos que eu tinha virado cadeirante e naquele momento vi que a vida não para ali, muito pelo contrário. O esporte me motivou a deixar a depressão. Eu venho me realizando a cada treino, cada jogo, cada competição... Em primeiro lugar o tênis de mesa é por amor, enquanto tiver saúde vou estar jogando”, afirma David.
Apesar de se afirmar completamente realizado, o mesatenista admite e persegue um sonho: disputar os Jogos Paralímpicos. Ele já esteve bem perto de realizá-lo, mas acabou derrotado na final do último Parapan-Americano, no México – nada que abale seu otimismo e gratidão pela vida.
“Eu senti o peso daquela final. Era um cara que já joga há 18 anos e estava entre os dez melhores do mundo, senti a camisa da seleção. O presidente (Alaor Azevedo) gritando meu nome, a torcida, tudo isso me motivou, mas infelizmente não consegui”, contou David, que caiu por 3 a 1 para o argentino Gabriel Copola, atual oitavo colocado no ranking mundial da Classe 3, mesmo após ter saído na frente (11/4).
A decepção momentânea rapidamente deu lugar à satisfação de estar em outro país, representando o Brasil, após ter ultrapassado tantos obstáculos na vida e no esporte.
“No calor do momento, fiquei muito chateado. Mas depois de alguns dias com meus companheiros de seleção me falando que a responsabilidade era dele, que já joga há anos, da dificuldade, melhorei”, admitiu um humilde David, que segue perseguindo seu grande objetivo.
“Eu acho que chegou meu momento. Todo atleta sonha em disputar uma Paralimpíada e eu estou muito focado para este Parapan. Estou tento uma renovação no meu jogo, também estou me sentindo mais livre, estou confiante”, finalizou David.
A Confederação Brasileira de Tênis de Mesa conta com recursos da Lei Agnelo/Piva – Lei de Incentivo Fiscal e Governo Federal – Ministério do Esporte.
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