Por CBTM
Brasileiro terá como próximo desafio o Mundial individual, no fim do mês, na China
Daniel Leal e Matheus Quelhas, de Manaus (AM) – 10/4/2015
Quem o conhece desde garoto afirma Hugo Calderano nasceu com talento nas veias. A pessoa mais adequada para atestar esta teoria é Valesca Maranhão. Presente à segunda etapa da Copa Brasil 2015, em Manaus (AM), a mesatenista de 41 anos foi responsável por introduzir o carioca no caminho do alto rendimento. E garante: seu sucesso sempre foi uma questão de tempo.
Os caminhos dos dois se cruzaram em 2009. Na época, Calderano disputava competições tanto de vôlei, pelo Fluminense, como de tênis de mesa. Aos 12 anos, ele já destacava em ambas as modalidades – mais jovem, também havia sido campeão estadual de salto em distância, mas já estava distante do atletismo.
“Quando começamos a trabalhar juntos, ele ainda estava dividido ainda. Conversamos com ele e com a mãe. Tanto que deu problema com o vôlei do Fluminense, os caras ficaram loucos (risos). Ele foi se encantando aos poucos pelo tênis de mesa e não quis parar”, contou Valesca, que passou a dar treinos particulares para o jovem pupilo.
“Foi aí que a realidade do Hugo começou a mudar. Durante um ano e meio, era só eu, depois o (Alexandre) Silva passou a ajudar. Ele só descansava domingo. Quando foi para São Caetano, já estava forte”, afirmou, citando a mudança para o ABC Paulista, aos 14 anos.
Segundo Valesca, aquele que é considerado um dos pontos fortes de Calderano se mostrou desde a infância, como algo natural da sua personalidade.
“O foco dele é impressionante. Ele é feito uma esponja, absorve muito as coisas que vê. Viajando, nos campeonatos, observando, jogando contra atletas mais fortes, tendo acesso às informações... Dava para ver que era muito diferente. A percepção dele para as coisas é impressionante. Com alguns atletas, você precisa falar uma, duas, três vezes. Com o Hugo, você fala uma, já passa para o treinamento e ele executa”, explicou.
Valesca cita como exemplo a conquista da medalha de bronze nos Jogos Olímpicos da Juventude, em Nanquim, na China, no ano passado. Na disputa de terceiro lugar, Calderano enfrentou o local Heng-Wei Yang e um ginásio lotado de torcedores a favor do rival.
“Ele tem uma frieza europeia, diferente dos latinos. O emocional conta muito na hora do jogo. Não adianta ser um bom jogador e não conseguir fechar. Nada parece desconcentrar ele. Viu quantos chineses tinham dentro do ginásio em Nanquim? Para ele, nada acontece. O nível de concentração dele é outro”, avaliou.
Calderano também marcou a carreira de Valesca em um momento que se dedicava cada vez mais ao papel de treinadora.
“Nunca tinha treinado ninguém em particular, foi uma experiência nova para mim. Numa situação assim, você se aproxima muito, parece que é um pedaço de você que está ali na mesa. É algo parecido com o que uma mãe sente”, disse a carioca, revelando os momentos mais marcantes do período em que trabalharam juntos.
“Logo em 2009, ele foi campeão brasileiro pela primeira vez, no Mirim, em Florianópolis. No mesmo ano, ele foi eleito pelo COB o melhor 
atleta das Olimpíadas Escolares (12 a 14 anos). E logo depois começou a despontar, foi selecionado pela ITTF para o Hopes. Ali vi que já tínhamos feito um bom trabalho e que ele iria despontar”, lembrou.
Mesmo após a ida de Calderano para São Caetano, Valesca não deixou de acompanhar seu desenvolvimento. Hoje, sua avaliação é clara.
“Nunca tivemos um talento tão grande como ele no tênis de mesa brasileiro. Acho que pode ganhar de qualquer um”, concluiu.
O próximo desafio de Calderano será o Campeonato Mundial individual, de 26 de abril a 3 de maio, em Suzhou, na China.
Valesca Maranhão disputou a principal categoria do ranking, o Absoluto A, mas acabou eliminada na fase de grupos após duas derrotas. A treinadora e jogadora agradeceu ao hotel que forneceu hospedagem à ela e sua equipe no Amazonas.
"Queria agradecer o Holliday Inn pela parceria feita para a Copa Brasil em Manaus. São ações importantes para ajudar o desenvolvimento do tênis de mesa brasileiro".
Copa Brasil Manaus
A etapa de Manaus da Copa Brasil começou na quinta-feira (9) e irá até domingo (12), na Arena Poliesportiva Amadeu Teixeira, com a presença de mais de 200 atletas olímpicos e paralímpicos.
Entre os destaques locais estão Amanda Marques, vice-campeã do Rating A na primeira etapa da Copa Brasil, em Piracicaba (SP), o pentacampeão brasileiro Israel Barreto e Suelen Ramos, cabeça de chave número um do Absoluto A feminino.
O evento conta ainda com importantes nomes do tênis de mesa nacional, como Humberto Manhani, campeão latino-americano por equipes com a seleção brasileira, no mês passado, e Henrique Narita, vencedor do Rating A na primeira etapa da Copa Brasil 2015, realizada em Piracicaba (SP).
A Confederação Brasileira de Tênis de Mesa conta com recursos da Lei Agnelo/Piva (Comitê Olímpico do Brasil e Comitê Paralímpico Brasileiro) – Lei de Incentivo Fiscal e Governo Federal – Ministério do Esporte.
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