Por CBTM
Daniel Leal, de Suzhou (CHN) – 24/4/2015
Thiago Monteiro, 33 anos, e Ligia Silva, 34, são os atletas mais experientes da seleção brasileira na disputa do Campeonato Mundial individual, que terá início neste domingo (26), em Suzhou, na China. Seus caminhos, no entanto, se cruzam muito além disso: ambos começaram fora dos grandes centros do tênis de mesa brasileiro, em uma época sem as mesmas condições atuais, e enfrentaram diversas provas de superação ao longo da carreira. O que, não à toa, os coloca como referência para jovens talentos que buscam seu espaço na modalidade.
Ligia nasceu em Manaus (AM), onde deu os primeiros passos no esporte. Lá, enfrentava a falta de competições e a dificuldade para viagens. Cearense de Fortaleza (CE), Thiago foi o primeiro nordestino a alcançar grandes resultados internacionais pela seleção brasileira.
“A realidade era completamente diferente. Por isso nos identificamos. Nunca desistimos. Fomos nos adaptando, crescendo e estamos aí até hoje. Saímos do nada e, hoje, fazemos com que isso agregue ao tênis de mesa”, disse Ligia.
Hoje, os dois estão distantes de sua terra natal. Ligia vive há 17 anos em Santos (SP). Já Thiago está desde 2001 na França, onde atua na primeira divisão nacional pelo Istres. As mudanças, no entanto, não fizeram com que ambos perdessem a identificação com suas raízes.
“Tem muita gente que se identifica com a gente. Viemos de baixo, é a cara do brasileiro. Nunca desistimos. Quando saí de Manaus, nunca abandonei meus objetivos. As pessoas enxergam personalidade, caráter, persistência, gratidão ao esporte”, afirmou Ligia.
Para Thiago, as dificuldades serviram de motivação para ir em frente na carreira.
“Sempre acreditei que, com treinamento, poderia chegar longe, mas o fato é que as pessoas duvidam mesmo. Quando você é campeão brasileiro mirim, falam que ainda é criança. Quando é no infantil, ouve: ‘quero ver no juvenil’. E assim foi indo. Isso pra mim serviu como motivação”, contou.
Sempre que podem, Thiago e Ligia procuram passar suas experiências adiante. Sem uma referência como esta no início de suas carreiras, ambos enxergam grande valor nesta troca.
“Acho que alguns atletas de fora dos grandes centros, por não verem outros alcançando resultados, se autolimitam. Eu nunca tive esse complexo, sempre achei que, se treinasse, conseguiria ganhar. É importante passar essa mentalidade adiante”, disse o cearense.
“Temos como passar nossa experiência adiante. Vemos isso nos eventos nacionais, o quanto somos queridos. Não nos escondemos de nada, isso é muito legal”, completou Ligia.
Diante de tantos pontos em comum, não poderia deixar de haver uma amizade entre eles.
“A afinidade existe naturalmente porque é uma história de vida de certa forma parecida, guardadas as proporções, porque ela tem uma situação de família diferente da minha. Além disso, nós temos a mesma idade, então passamos por todas as etapas juntos. Respeitamos e entendemos bem a luta um do outro”, afirmou Thiago.
“Nós nos identificamos, até por causa da origem, pelo caráter. Isso é muito legal”, concluiu Ligia.
Além de Thiago e Ligia, a seleção brasileira terá outros cinco representantes no Mundial de Suzhou: Lin Gui (130ª) e Caroline Kumahara (143ª), no feminino, e Gustavo Tsuboi (54º), Hugo Calderano (60º) e Cazuo Matsumoto (107º).
A Confederação Brasileira de Tênis de Mesa conta com recursos da Lei Agnelo/Piva (Comitê Olímpico do Brasil e Comitê Paralímpico Brasileiro) – Lei de Incentivo Fiscal e Governo Federal – Ministério do Esporte.
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