Por CBTM
Brasileira de 22 anos foi a primeira a disputar uma final pan-americana pela seleção
Da redação, no Rio de Janeiro (RJ) – 24/12/2015
A equipe feminina da seleção brasileira foi responsável por duas das conquistas mais marcantes de 2015 nos Jogos Pan-Americanos: o vice-campeonato individual e por equipes. Primeira finalista do país na competição, Lin Gui revelou detalhes da campanha em solo canadense.
A história do tênis de mesa brasileiro foi reescrita em Toronto em dois grandes capítulos – o primeiro dele foi o torneio por equipes, onde Lin teve a companhia de Caroline Kumahara e Ligia Silva.
“Foi muito legal ter chegado na final. Só o fato de ser inédita para o Brasil já tinha me deixado muito feliz. Claro que sabíamos que seriam adversárias muito difíceis, mas se estávamos lá é porque tínhamos condições de brigar e ganhar. Nós sabíamos disso e elas também”, recordou a brasileira.
A medalha de prata, conquistada após a vitória da seleção norte-americana por 3 partidas a 0, começou a ser conquistada muito antes, e duas situações não saem da memória da vice-campeã.
“Desde a preparação eu senti a equipe muito unida, focada em alcançar a nossa meta, que era a medalha. Dois episódios foram muito marcantes para mim: a primeira foi nossa vitória nas quartas de final contra a Colômbia, valendo a medalha. O segundo momento foi a semifinal contra Porto Rico, quando comecei ganhando, mas perdi o primeiro jogo para a Adriana Díaz. Eu saí muito brava, mas a equipe me colocou pra cima e fez eu perceber que não tinha nada perdido. Depois viramos e acabamos vencendo por 3 a 1”, contou, orgulhosa.
Conquistar o primeiro grande objetivo da equipe foi um desafio superado. Engana-se, porém, quem pensa que a garantia de medalha acalmou os ânimos de Lin Gui – o que estava em jogo no dia seguinte era a vaga na decisão.
“Contra a Colômbia, eu estava confiante e também nervosa por ser meu primeiro Pan, mas as meninas me acalmaram e garantimos o pódio. Depois disso foi difícil desligar, acho que dormi três horas só, e a Carol, que estava no quarto comigo, foi a mesma coisa”, revelou.
Brilho repetido no individual, com ajuda especial de campeão mundial
O segundo grande capítulo da edição histórica dos Jogos Pan-Americanos para a equipe feminina foi o torneio individual, onde duas medalhas inéditas foram conquistadas. Lin Gui ficou com a prata e Caroline Kumahara com o bronze. Surpreendentemente, o feito nas equipes afetou o início da caminhada até a final.
“Como o individual começa no dia seguinte à final por equipes, foi difícil me desligar daquilo. Nos primeiros dois dias joguei muito mal, mesmo ganhando, e não conseguia entender o que estava acontecendo comigo”, explicou a jovem de 22 anos.
Lin Gui conseguiu se classificar para a segunda fase, mas confessa que a confiança não estava como deveria. Foi neste momento crucial da competição que os conselhos do sueco Peter Karlsson, tetracampeão mundial e consultor internacional da CBTM, se somaram aos do técnico Hoyama e ajudaram a brasileira a deslanchar no torneio.
“Depois do último jogo da fase de grupos eu cheguei a chorar e estava conversando com o Hugo para acharmos uma solução, então teve um episódio que marcou muito, com o Peter Karlsson. Depois de cada vitória ele passava por mim e me elogiava, dizia que eu estava bem e me parabenizava pela vitória. Então nesse dia eu perguntei pra ele porque ele continuava dizendo isso se eu tinha jogado mal. A explicação dele foi muito simples: “Você tem que estar feliz, só assim vai voltar a jogar melhor”. Depois disso consegui colocar minha cabeça no lugar e pensar jogo a jogo, só jogar”, contou.
Na fase eliminatória, Lin Gui bateu a norte-americana Zheng Jiaqi nas oitavas (4 a 2), Luo Anqi nas quartas, pelo mesmo placar, antes do grande duelo contra a cabeça de chave número 1 da competição: Lily Zhang, dos Estados Unidos, na semifinal – 4 a 1.
“O pensamento era o mesmo e a pressão era dela, eu não tinha nada a perder. Para falar a verdade eu nem lembro do jogo, foi muito tenso. Só sei que quando olhei o placar estava 3 a 3. Nesse intervalo antes do último set, o Hugo me deu mais confiança, mandou eu ser mais agressiva e graças a Deus deu certo”, comemorou.
Contra a experiente Wu Yue, ficou com sua medalha de prata no Canadá, mas ganhou uma recompensa muito mais valiosa e que habitará para sempre suas melhores lembranças do esporte.
“Era melhor não pensar em ouro e seguir a estratégia dos outros jogos. Eu já conhecia ela, sabia que era forte e mais experiente que eu, então fui só pensando em mostrar um bom tênis de mesa para o público. Ela ganhou, mas eu fui a última a sair da quadra, porque fiquei um tempo no banco, chorando. Nessa hora todo o público me aplaudiu e isso me fez ver que valeu a pena, foi o reconhecimento por todo o meu esforço”.
Com ânimo renovado após a grande temporada, Lin Gui promete empenho máximo na busca pela vaga para representar o país nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. Para tal, jogará o Torneio Classificatório Olímpico, que será realizado em abril, no Chile.
“O Pré-Olímpico vai ser mais uma guerra que vamos lutar. Uma lição que eu tirei dessa final do Pan foi que se não ganhei, foi porque não era minha hora. Então agora eu e toda a seleção já estamos concentradas em cada detalhe que pode ser corrigido até a competição, para buscarmos essa vaga”, decretou.
A Confederação Brasileira de Tênis de Mesa conta com recursos da Lei Agnelo/Piva (Comitê Olímpico do Brasil e Comitê Paralímpico Brasileiro) – Lei de Incentivo Fiscal e Governo Federal – Ministério do Esporte.
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