Notícia

Com sucesso meteórico em 2015, Cátia Oliveira é exemplo da filosofia das seleções paralímpicas

Por CBTM

26/12/2015 18h39


Atleta vê no suporte da equipe um dos principais trunfos para os resultados na temporada rumo aos Jogos Paralímpicos Rio 2016

Da redação, no Rio de Janeiro (RJ) – 26/12/2015

O título parapan-americano, cinco medalhas no Circuito Mundial e o prêmio de melhor mesatenista do ano pelo Comitê Paralímpico Brasileiro. Por trás do sucesso, construído em menos de dois anos por Cátia Oliveira (6ª colocada no ranking mundial da Classe 2), existe uma uma gestão comprometida em revelar e desenvolver talentos paralímpicos. Foi dessa maneira que os caminhos dela e da seleção permanente se cruzaram.

Nascida na pequena cidade de Cerqueira César, no interior de São Paulo, a jovem de 24 anos tem uma relação de longa data com o esporte. Foi jogadora de futebol e chegou a se profissionalizar, conquistando, em 2007, a convocação para um período de treinos antes do Mundial Sub-17. Porém, no dia do anúncio, sofreu um acidente que lhe deixou paraplégica.

Seis anos depois, após conhecer o tênis de mesa numa feira de inclusão, sua determinação a fez crescer rapidamente no esporte. Não demorou muito para que ela começasse a chamar a atenção dos dirigentes da CBTM: em um de seus primeiros torneios nacionais - o Campeonato Brasileiro de Bento Gonçalves (RS) -, Cátia impressionou o consultor internacional da Confederação, Goradz Vecko, que lhe apresentou o projeto da seleção paralímpica permanente.

“Conheci o tênis de mesa em 2013, numa feira aqui em São Paulo. Me interessei e comecei a disputar os circuitos nacionais em agosto. Em outubro, o Goradz fez o primeiro contato comigo. Disse que gostou do que viu e que iria falar com o José Ricardo Rizzone, técnico da seleção. Em dezembro, eles me contataram por email e manifestaram interesse. Em 2014, larguei meu emprego e resolvi me dedicar integralmente ao tênis de mesa, pois somente com isso eu me tornaria uma mesatenista de ponta”, contou.

Para evoluir no esporte e participar dos Jogos Paralímpicos, Cátia ainda teria muitos desafios pela frente. O primeiro deles era deixar o endereço cerqueirense em busca do treinamento de alto nível.

“Eu morava em uma cidade muito pequena, que não tinha muita estrutura. Tinha a mesa em casa e treinava com a minha família mesmo, com meus irmãos. Para ter a preparação específica e voltar a ser atleta, vi que precisava largar tudo e me mudar para outra cidade. Eu precisava correr atrás e não tinha muito tempo, pois 2016 já estava batendo à porta. Fui para Bauru e criamos turmas para cadeirantes na Associação Nova Era de Tênis de Mesa. Lá, comecei a preparação para a seletiva do Parapan. Fui aprovada e, em novembro, surgiu o convite para treinar com a seleção em Brasília”, relembrou a mesatenista.

E a disposição que resultaria em tanto destaque no cenário internacional só poderia render elogios do coordenador da seleção paralímpica e técnico da equipe cadeirante, José Ricardo Rizzone.

“A Cátia entrou esse ano na seleção e acreditou no projeto, fez de tudo. Ela é uma atleta de fato, seguiu todas as recomendações desde o início. A soma de tudo que é feito aqui em Brasília com a facilidade com que ela pegou a parte técnica, levou a essa ascensão meteórica”, apontou.

Se, por um lado, a mudança representava a concretização dos objetivos da atleta, era também uma grande decisão, que demandava cautela e planejamento. Mergulhar de cabeça na nova empreitada exigia, mais uma vez, resiliência e convicção da jovem paulista.

“Brasília é uma cidade cara, então eu precisava analisar com cuidado para não correr o risco de precisar desistir. Por isso, não fui imediatamente em novembro, e me mudei em janeiro deste ano. Meu sonho de estar na seleção, defender as cores do meu país e participar dos Jogos Paralímpicos falou mais alto, então topei o desafio”, afirmou, determinada.

Com pouco tempo e muito trabalho em Brasília, Cátia pôde ver sua meta realizada e focar em alçar vôos ainda mais altos. Estreante em Jogos Parapan-Americanos, conquistou o título que lhe rendeu a vaga paralímpica, auge da carreira de qualquer atleta. Tornou-se, assim, um dos maiores símbolos da renovação constante e do empenho cotidiano de treinadores, comissão disciplinar, fisioterapeutas e demais profissionais em desenvolver talentos e fazer crescer o tênis de mesa brasileiro.

“Eles me ajudaram bastante, principalmente no início. A mudança não foi nada fácil, tive de deixar emprego, família e amigos para trás. Além disso, eu tinha começado há pouco tempo no esporte. Bauru me deu a base, mas eles foram essenciais para os resultados e o prêmio do CPB”, declarou  a atleta.

Outro diferencial do centro de treinamento da seleção é o treino e o convívio diário com outros jogadores de alto nível. Para Cátia, isso permite que todos os atletas evoluam e mantenham-se mais estimulados a cada dia, ajudando uns aos outros.

“É essencial ter companheiros de treino fortes e com os mesmos objetivos. Caso contrário, não vai para frente, o trabalho não rende. A motivação do parceiro de treino te afeta. E eu, que cheguei lá com tão pouco tempo de tênis de mesa, aprendi demais com eles”, defendeu.

Tal companheirismo e trabalho de equipe influenciaram bastante para que Cátia tivesse a paciência necessária nos treinamentos e nas primeiras competições internacionais. Na Copa Costa Rica de 2014, o pontapé inicial, levou a prata por equipes, ao lado de Carla Azevedo, além do ouro individual sobre a americana Tara Profitt, em confronto que se reeditaria na final parapan-americana no ano seguinte. No Aberto da Eslováquia, etapa fator 40, a mais alta do Circuito Mundial, as vozes da experiência pediram tranquilidade.

“Os atletas e a equipe como um todo me deram todo o apoio, acreditando em mim quando eu mesma não acreditava. Não é todo dia que você está 100%. Às vezes, em um treino específico, você está errando demais ou não consegue fazer algo, e todos sempre me acalmavam, dizendo 'você é nova, vai dar certo'. Na Eslováquia, cheguei à final e, infelizmente, perdi. Fiquei irritada, chorei e tudo, mas eles me diziam 'calma, olha o que você já conseguiu em tão pouco tempo'. Tenho muito a agradecer a eles e ao Nova Era”, declarou.

Além do trabalho intenso, a atleta destacou o clima de descontração dos bastidores. A relação de intimidade e confiança que a equipe estabeleceu auxilia a superar as dificuldades da caminhada.

“A gente brinca lá em Brasília que ficamos mais com os profissionais de tênis de mesa do que com nossas famílias. E é a verdade, principalmente para mim, que me mudei sozinha para lá. Treinamos todos os dias, por aproximadamente 5h, de manhã e à tarde. E nós somos muito unidos. Viramos praticamente uma família, tanto no esporte quanto na vida pessoal”, contou .

Colhendo os louros de tanto sucesso, Cátia não se dá por satisfeita. Com o Rio de Janeiro à vista, a atleta pretende trabalhar firme e ascender ainda mais na meteórica carreira.

“As pessoas me perguntam como é ser campeã, conseguir vencer esses títulos, ganhar o prêmio e eu até agora não acredito (risos). Não tinha ideia que conseguiria ser campeã parapan-americana, minha vitória mais importante, no meu primeiro ano treinando com a seleção. O tênis de mesa é um esporte bem complexo, não é nada fácil chegar ao alto nível. Só tenho a agradecer a Deus, à minha família, à Tayná, meu pai, que acreditaram nessa mudança, e a todos que torcem por mim. Que venha 2016 e espero fazer o melhor”, concluiu.

Mas se a jovem ainda não se enxerga no patamar que os resultados recentes lhe alçaram, Rizzone faz questão de destacar que a carreira de Cátia ainda tem muito para crescer, além do próximo grande compromisso.

“Acho que independente de ela conseguir ou não uma medalha em 2016, para os próximos Jogos vem muito forte. A Cátia tem muito potencial e personalidade, demonstrou isso em apenas oito meses, então tem tudo para ficar entre as primeiras do ranking mundial por muitos anos”, apostou.

Com todas as suas conquistas, a paulista é apenas um dos exemplos do grande sucesso do modelo da seleção paralímpica. A equipe andante, com sede em Piracicaba (SP), também brilhou em 2015 - conforme exalta o técnico Paulo Camargo, foi a vitória de uma filosofia.

“Essa é uma ideia do nosso presidente Alaor que foi concretizada. Quando o Zé Ricardo me fez o convite para liderar os andantes, eu não pensei duas vezes e abracei o projeto. Foi muito difícil esse primeiro passo dentro dessa nova filosofia de treinamento e seleção permanente. Muitas quebras de paradigma. Colocar esse grupo pensando em alto nível sem dúvida foi a maior conquista, mais do que qualquer resultado”, disse Camargo.

A Confederação Brasileira de Tênis de Mesa conta com recursos da Lei Agnelo/Piva (Comitê Olímpico do Brasil e Comitê Paralímpico Brasileiro) – Lei de Incentivo Fiscal e Governo Federal – Ministério do Esporte.

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