David Freitas compete na classe 3. Foto de Arquivo: Ale Cabral/CPB.
Por Nelson Ayres e Lucas Pinto (Fato&Ação) – Assessoria de Imprensa CBTM
David Freitas será o representante do tênis de mesa cearense nos Jogos de Tóquio e chega à Paralimpíada confiante de que pode trazer um bom resultado para o Brasil. Atleta da classe 3, agente de trânsito e cadeirante desde 2004, quando precisou passar por um procedimento cirúrgico, ele relutou em acreditar que poderia competir em alto nível na modalidade. Agora, às vésperas de sua segunda participação paralímpica, segura a ansiedade com orgulho de estar entre os melhores do mundo no esporte.
Depois de competir pelo Brasil no Rio, em 2016, Freitas não vê a hora de estrear nos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Faltando 15 dias para o início da competição, o mesa-tenista sabe o peso de representar o país no torneio mais importante do mundo.
“Voltar a uma competição com uma magnitude desta, para mim, mais uma vez, é uma grande conquista. Me sinto honrado, privilegiado em estar entre os melhores para representar meu país, minha cidade, meu estado. Me sinto muito feliz. A ansiedade para chegar esse dia é grande”, conta.
Cearense, David Freitas herdou o legado deixado pelo mesa-tenista olímpico Thiago Monteiro, que também é muito identificado com o estado do Nordeste, onde nasceu. O Ceará é um dos berços fortes do tênis de mesa brasileiro. Por isso, carregar sua bandeira não é tarefa fácil. Mas o atleta paralímpico diz que está pronto para o desafio.
“A responsabilidade é grande. Hoje sou o único representante, para mim é uma responsabilidade muito grande e uma honra em dar continuidade para o nosso estado. Infelizmente, o Thiago Monteiro não esteve presente nos Jogos, a gente sabe o potencial dele. É um grande atleta, uma grande pessoa, um cara de um talento grandioso, com tradição na família. O Thiago tem sido uma grande pessoa para o nosso estado. E hoje, carregar essa responsabilidade é uma honra, me dá cada vez mais garra para conquistar meu objetivo”, reconhece Freitas.
Há semanas concentrado em São Paulo, com os atletas da delegação do Brasil, a saudade da terra natal já era grande para Freitas. Aumentou depois da viagem para Hamamatsu, já que todos foram da capital paulista diretamente para o Japão. O remédio para isso é o foco, que ele tem depositado nos treinamentos intensivos, além da curiosidade pela cultura japonesa.
“Sempre tive uma vontade muito grande de ir para o Oriente, onde a cultura é totalmente o inverso da nossa. Aqui é dia, lá é noite e vice-versa. Estou muito ansioso para o grande dia da Paralimpíada. A saudade é grande, mas a vontade e o foco estão nos Jogos. Isso faz com que a gente esqueça um pouquinho nesse período, principalmente pelo foco”, afirma o brasileiro.
Dúvidas no início
Sua trajetória no tênis de mesa paralímpico começou em 2008. Mas foi quatro anos antes que ele começou a se locomover em uma cadeira de rodas. A deficiência veio depois que Freitas descobriu um tumor na medula nervosa. Por isso, precisou passar por uma cirurgia para remover o nódulo, o que acabou limitando seus movimentos. O esporte entrou em sua vida por meio de um convite do então presidente da Federação de Tênis de Mesa Adaptado, o também cearense Eugênio Sales.
“Comecei em 2008, através do convite do Eugênio, que é uma grande referência do esporte paralímpico. De início, eu relutei, achei que não seria viável um atleta com deficiência participar de um esporte que requer tanta agilidade. Mas por insistência, acabei aceitando o convite”, lembra Freitas.
“Para minha surpresa, fui vice-campeão das Paralimpíadas Cearenses. De lá para cá, não parei mais. Graças a Deus, atingi meu objetivo, que era participar de uma Paralimpíada. Já estou no saldo, é minha segunda, mas isso não me estimula a aposentar, pelo contrário. Quero chegar até minha sexta paralimpíada, se assim Deus permitir”, projeta, ambicioso, o atleta cearense.
O desafio da vez é brigar por uma medalha em Tóquio. O mesa-tenista reconhece a dificuldade e o alto nível de uma Paralimpíada, mas sabe da qualidade dos brasileiros. Se depender de sua vontade, o Brasil pode sonhar com um pódio.
“Sempre fui um cara muito confiante. Nossa equipe é muito forte, temos uma afinidade muito grande. A gente sabe das dificuldades, mas não é impossível. Se a gente está lá, é porque a gente tem capacidade de conquistar uma medalha. A gente está focado, nunca perdi a esperança. Se Deus quiser vou trazer a tão sonhada medalha olímpica”, finaliza David Freitas.
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