Paulo Salmin se preparando em Hamamatsu, no Japão. Foto: Ale Cabral.
Por Nelson Ayres e José Augusto Assis (Fato&Ação) – Assessoria de Imprensa CBTM
Paulo Salmin vai disputar a terceira Paralimpíada da carreira. Entretanto, na preparação para as outras duas edições, ele não enfrentou um desafio tão grande quanto teve de encarar para Tóquio 2020. Em novembro do último ano, o mesa-tenista da classe 7 sofreu um acidente doméstico, rompeu totalmente o tendão do pé esquerdo e passou a se questionar se conseguiria disputar o maior evento paralímpico do mundo.
O atleta de 27 anos teve de parar durante quatro meses para cuidar da lesão e só voltou a treinar com a intensidade que o alto rendimento exige em março deste ano. Após o retorno, Salmin só pensava em estar muito bem para os Jogos Paralímpicos e foi o que ele fez.
“Quando meu pé melhorou e voltei a treinar, eu botei na cabeça que eu queria estar bem. Hoje, eu estou na minha melhor forma física da vida. Eu estava com 80 kg no início do ano e, agora, estou 68kg. Meu pé está 90%, sendo que os outros 10% não tem como recuperar, mas isso não me limita a nada. Foi péssimo o que passei, mas teve o lado bom, que é tentar usar esse gatilho como incentivo no campeonato”, garantiu.
O mesa-tenista ainda explicou que a lesão foi um golpe que ele não esperava sofrer e que, para piorar, ainda havia a pandemia acontecendo: “Foi uma bobeira, um acidente doméstico que nenhum atleta conta com isso. Estava eu, no final de novembro (de 2020), classificado para Tóquio com o pé rompido e com a pandemia acontecendo. Foram dias dificílimos para mim”.
A lesão e a pandemia foram realmente golpes duros que Salmin teve de enfrentar, principalmente pelo atleta estar vivendo grande fase antes dos ocorridos. Em 2019, o atleta teve uma excelente temporada.
“O ano de 2019 foi muito importante para mim, foi o melhor ano da minha carreira. Eu ganhei o prêmio do Comitê Paralímpico Brasileiro de melhor mesa-tenista paralímpico do ano por ter vencido o Aberto da Espanha, por ter levado dois ouros no Parapan de Lima, além das duas medalhas no Aberto da Itália. Aí veio 2020 e aconteceu isso tudo”, lembrou.
Apesar de todas as adversidades que teve de enfrentar, Salmin acredita que, além da parte física, a sua parte mental para Tóquio 2020 está muito melhor do que a das duas outras Paralimpíadas que disputou, Londres 2012 e Rio 2016.
“Eu estou indo para uma terceira Paralimpíada com uma cabeça muito melhor do que nas outras duas. Eu não posso garantir que ganharei medalha, pois o nível é muito parecido entre os adversários, pode acontecer de tudo, mas as esperanças são muito boas, quero conseguir colocar em prática tudo que trabalhamos no ciclo”, disse.
Começo no tênis de mesa
Paulo Salmin, atual número 12 do mundo na classe 7, falou sobre o começo da carreira. Nascido no interior de São Paulo, o atleta comentou que sempre foi competitivo e que isso o ajudou a ingressar no esporte ainda na escola.
“O tênis de mesa começou para mim de forma muito lúdica e gradativa. Eu sempre tive um lado muito competitivo em esportes. Eu comecei a brincar com uma turma em uma escolinha, lá eu via o pessoal batendo bola e fazendo uns negócios legais. Foi um sonho de criança”, lembrou.
O esporte, então, começou a passar de brincadeira para algo mais sério quando começou a disputar campeonatos e a ter bons resultados. Além disso, o atleta credita o sucesso que tem hoje no esporte paralímpico à treinadora Daniela Bassi.
“Eu devo a carreira que tenho hoje à primeira pessoa que acreditou em mim: a minha técnica Daniela Bassi. Desde o primeiro momento, quando entrei no centro de treinamento, ela falou para mim que, se eu quisesse, eu seria um atleta de seleção. A partir daí, fui amadurecendo e me tornando o atleta que sou hoje”, reconheceu.
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