Foto de Arquivo: Christian Martinez/RBG Studios.
Por Marcos Yamada, técnico
Maurício Yoshiaki Kobayashi.
Caneteiro, tinha um excelente saque e um ataque de backhand muito potente.
Cheguei a jogar várias vezes contra ele no tradicional, Palmeiras x São Bernardo.
Viveu para o tênis de mesa, casou com a modalidade.
Ele foi nosso técnico também no ItaimKeikoJJYAMADA, sendo um dos melhores treinadores que já passaram por lá. Inteligente demais, visionário, planejador, estrategista e muito correto. Conquistava credibilidade de todos, através de suas atitudes, e bastava conversar com ele poucos minutos para receber um pouco do seu vasto conhecimento, através do seu carisma e sua disposição pra ensinar.
Era sempre o primeiro a chegar e o último a sair do clube. Estudou muito o tênis de mesa através de revistas e indo aos mundiais, detectou os problemas que a nossa modalidade enfrentava, politicamente, estruturalmente, com a falta de verba e apoio. Não chegou a graduar-se, mas fez, acho, Física na USP e Engenharia na FEI.
Abandonou a carreira de atleta e encarou o desafio de ser técnico, começando com um projeto campeão em São Bernardo do Campo, que foi a cidade que o apoiou.
Treinamentos diários, corridas de 1h antes de treinar e a valorização da preparação física e técnica, que deu certo, com o Ricardo Inokuchi, Tsai Tung Chen, Tomohiro Yara, Claudio Kano e a garotada: Wilsinho, Roso, Rufino, Piazza, Emília, Sueli e Harumi.
Desse grupo, destaco o título do Mundial de 1983, campeão mundial da 3ª divisão em Tokyo, com Inokuchi, Aristides, Acácio e Kano, que foi onde o Maurício mudou o foco do Brasil rumo a 1ª divisão. Na era pós Biriba Betinho e Ivan, íamos para os Mundiais, somente para participar.
Daí vieram a segunda turma com Hoyama e Kawai e ainda o Kano. Maurício reuniu os pais dos garotos com potencial e então fizeram uma espécie de banco, para não depender de órgãos públicos e daí, fizeram estágios no exterior, participavam dos eventos internacionais e vieram seus primeiros resultados com a equipe de jovens que ele formou.
Kano, Hoyama e Kawai, com a ousadia de trocar todo o time antigo, que ainda eram melhores, e bateram várias vezes na trave para subirem para a 1ª divisão mundial, uma delas foi em Chiba-JPN 1991, o primeiro Mundial que fui, quando perdemos da Áustria com 2 chineses (azar demais no sorteio).
Sonho esse do Maurício que só foi concretizado em 2004 no Qatar, com Hoyama, Thiago, Hanashiro e Hideo. Mas o plano do Maurício deu certo, mandou todos os jogadores pro exterior, pra fazer intercâmbio, jogar ligas europeias, treinar no Japão e ficar amigos dos atletas fortes e técnicos pra abrir as portas para o Brasil. Por isso se estamos hoje neste patamar, temos que agradecer muito a este visionário que abdicou de tudo para viver de tênis de mesa. Sem o Maurício, talvez ainda estivéssemos na 2ª e 3ª divisão no cenário mundial.
Devemos muito a esse ser humano, respeitado em todos os lugares em que passou. Arigatouuu Kobayashi.
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