Iranildo Espíndola é o mais experiente do grupo. Foto: André Soares/CBTM.
Por Nelson Ayres e Henrique Porto (Fato&Ação) – Assessoria de Imprensa CBTM
No alto de seus 53 anos, o goiano Iranildo Conceição Espíndola é uma referência no tênis de mesa paralímpico do Brasil. Atleta da classe 2, está com passagem marcada para o Campeonato Mundial Paralímpico, competição agendada para a espanhola Granada, entre os dias 6 e 12 de novembro. Será o seu oitavo mundial, sendo testemunha ocular da evolução da modalidade no Brasil. “A gente classificava para uma competição e ia lá cumprir tabela, apesar de todo o esforço individual”, relembrou. Hoje a história é outra e Espíndola é forte candidato a uma medalha nas duplas (jogará ao lado de Guilherme Costa), em competição que foi incluída nesta edição do Mundial.
Nascido em Silvânia, em 24 de janeiro de 1969, o goiano sofreu um acidente durante um mergulho em 1995, quando tinha 26 anos. Foi quando conheceu o tênis de mesa em cadeira de rodas e alguns anos depois já estava disputando um Campeonato Parapan-Americano com a camisa do Brasil. “As pessoas brincam que eu estou no circuito paralímpico desde o começo”, confessou com bom humor. Mas a verdade é que Espíndola é uma testemunha ocular da história do tênis de mesa paralímpico em nosso país.
“No início a estrutura de apoio era muito pouca, a gente não tinha a preparação adequada, não conhecia os melhores materiais”, relembra. “Sequer sabíamos qual a cadeira de rodas mais adequada para cada deficiência e fomos descobrindo isso com o passar do tempo”, acrescentou. Espíndola comenta que naquela época os técnicos do Brasil não tinham experiência com atletas de classe baixa (cadeirantes) e que foram aprendendo com o passar do tempo. Ou, como ele mesmo cita, “batendo cabeça”.
E fala com a propriedade de quem disputa Campeonatos Mundiais desde 2001, quando viajou para a Holanda. “Como classe baixa na época, eu jamais imaginei que seria convocado. Na época eram cinco atletas e viajei para compor equipe. Pensei que ia passear e acabei atuando”, relembrou. “Joguei contra um classe 5 da Alemanha, um classe alta, e fiz uma partida excepcional. Foi um sonho”, descreveu. As chances de medalha na época eram ínfimas, mas Espíndola sabe reconhecer a importância desta participação em sua carreira. “Foi uma experiência muito boa. A estrutura era bem menor do que temos hoje, os atletas não estavam tão preparados e fomos para representar o Brasil apenas, sem chances de brigar por medalhas”, relatou.
O mesa-tenista comenta que, com o passar do tempo, as condições melhoraram e os atletas passaram a contar com uma certa estrutura de apoio, principalmente após a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa assumir o comando da modalidade no paralímpico, em 2007. Em sua opinião, a mudança de chave na história do tênis de mesa paralímpico do Brasil aconteceu em 2010, na Coréia do Sul. “Na ocasião a gente contava com uma estrutura legal da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa e do Comitê Paralímpico do Brasil”, apontou. “Já tínhamos um técnico focado no paralímpico e passamos a acreditar que éramos atletas de verdade defendendo as cores do Brasil, com chances reais de trazer medalhas”.
“Hoje temos uma estrutura fantástica, um centro de treinamentos maravilhoso, uma Confederação que nos suporta com tudo o que necessitamos”, festejou. Espíndola cita o profissionalismo da equipe que acompanha a grande delegação que viaja para a Espanha, com técnicos especializados em desporto paralímpico e até mesmo uma equipe médica. Estrutura esta que lhe coloca na briga por sua primeira medalha em Campeonatos Mundiais, nas duplas.
“Sei da dificuldade que é, do número reduzido de vagas, mas nunca estivemos tão preparados como estamos agora”, confidenciou. “Sabemos que nossa dupla é forte, que está entre as melhores do mundo e com chances de trazer essa medalha inédita. Estamos acreditando nisso e afinando os últimos detalhes para chegar em Granada e fazer com que essa possível medalha se torne realidade”, analisou.
Dentre os fatos engraçados em suas andanças pelo Mundo, Espíndola cita uma competição realizada em Taipei, quando a curiosidade levou ele e outros integrantes da equipe brasileira a experimentar carne de cachorro e outras iguarias exóticas da culinária local. E apesar das quase três décadas de bons serviços dedicados ao desporto paralímpico, o mesa-tenista goiano se considera longe de pendurar a raquete, apesar de saber que toda história tem um final. “Estou aproveitando os mínimos detalhes de tudo isso. Futuramente o Brasil vai ser potência e quero muito estar junto com esta turma, mas sei que vai ser complicado”, concluiu.
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