Luana Ivo investiu na carreira de treinadora e hoje também é dirigente. Foto: Miriam Jeske.
Por Nelson Ayres e Paulo Rocha (Fato&Ação) – Assessoria de Imprensa CBTM
Jovem e determinada, Luana Ivo começa a desfrutar de reconhecimento no tênis de mesa brasileiro. E neste Mês da Mulher, é mais uma homenageada da segunda temporada da série “Mulheres que Inspiram”.
Conhecida por seu competente desempenho como treinadora e coordenadora da equipe de tênis de mesa de Taubaté, ela ingressou num novo universo, dos dirigentes esportivos, ao assumir a presidência da Liga Valeparaibana de Tênis de Mesa.
TRAJETÓRIA
Se hoje ocupa um lugar de destaque na gestão do tênis de mesa, Luana não esquece suas origens no esporte. Primeiramente como atleta e, depois, como treinadora, função com a qual sempre demonstrou grande identificação.
“Comecei a praticar com 14 anos de idade, na escola, brincando de ping-pong. Nesta época, um professor chamado Cristiano, estava realizando uma detecção de talentos, crianças que poderiam ter possibilidade de ingressar no esporte, treinando e jogando pela cidade de Taubaté. Fui convidada e comecei ali a praticar a modalidade”, lembra Luana.
VOCAÇÃO E OBJETIVOS
“Fiquei dos 14 aos 18 anos participando de competições como atleta. Eu já tinha desejo de cursar uma faculdade de Educação Física. Quando constatei que meus resultados como atleta não eram os esperados, comecei a ficar atraída pela parte técnica. Vislumbrei futuro melhor como técnica do que como atleta. Meu objetivo, a curto ou médio prazo, é colocar um de nosso(a)s atletas na Seleção Brasileira. E a longo prazo, fazer parte do corpo técnico da Seleção.”
ABRINDO PORTAS
Com o advento do Projeto da Universidade do Tênis de Mesa, idealizado e implantando pela CBTM visando a formação de profissionais de excelência para a modalidade, as mulheres receberão mais oportunidades no esporte. É o que acredita Luana Ivo.
“O trabalho que a Universidade do Tênis de Mesa está fazendo tem aberto portas, sem dúvida. Há cursos direcionados para o feminino. Além disso, o fato de uma das indicações de treinadores das federações ser obrigatoriamente para as mulheres irá gerar mais oportunidades”.
OPORTUNIDADE
A troca de uma atividade técnica por um cargo de dirigente pegou Luana Ivo de surpresa, por assim dizer. Algo diferente para alguém que nunca escondeu que sua verdadeira paixão era estar envolvida com o tênis de mesa como treinadora.
“Foi uma mudança inesperada. Sempre me preparei muito para seguir a carreira de técnica, pois minha paixão é estar dentro da quadra com os atletas. Mas surgiu o convite, a oportunidade. Como faço um trabalho de gestão da modalidade em Taubaté, vi como um mais um desafio, chance de aprendizado. Então resolvi me aventurar nesta parte de gestão da Liga Vale”.
MINORIA
“A Liga Valeparaibana possui cerca de 30 clubes filiados. Somente três mulheres são dirigentes; o restante, homens. Este é o mesmo cenário que as atletas enfrentam, há muitos mais praticantes de tênis de mesa no masculino do que no feminino. Como todos que migram para a gestão têm o início como atletas, isso explica o fato de haver poucas mulheres como dirigentes. Aumentando o número de atletas femininas, aumentará o número de gestoras”.
DISCRIMINAÇÃO
Mesmo com competência e experiência reconhecidas, Luana não escapou de algo que assombra todas as mulheres, a discriminação. Ela confessa que já sofreu com este fantasma durante sua trajetória no esporte.
“O principal desafio que enfrentei no início de minha carreira como treinadora foi justamente esse: ser mulher e estar naquela função. Escutava coisas do tipo: ‘Nunca vi uma mulher assumindo uma equipe, os atletas não vão te respeitar...’ Minha resposta, contudo, foi a seguinte: ‘Prazer, Luana Ivo”.
DETERMINAÇÃO
“Deparei com a discriminação logo no início de minha carreira, mas enfrentei e segui em frente. Quando temos um objetivo, estamos determinados a conseguir nosso objetivo, nada pode nos deter. Eu me preparei muito para aquilo e sabia que ia dar certo. Tanto que estou aí até hoje no cenário esportivo, colhendo bons frutos”, afirmou.
CAPACIDADE
O fato de ser mulher, e jovem, tornam Luana alvo de prováveis investidas preconceituosas. Ciente disso, ela não abre mão de suas posições, seus princípios e se destaca no que se propõe a realizar.
“Nunca fui desrespeitada por atletas, tanto por ser mulher quanto por ser jovem. Pelo contrário. Mas sei que existem pessoas em outros cargos que podem duvidar da minha capacidade por pensar desta forma, preconceituosa. Isso se deve a fatores de educação, crença e até mesmo de criação. Mas estamos aí para provar o contrário, que elas estão enganadas. Não existe padrão, existe capacidade. Se você se preparou, não há como dar errado”.
Sobre uma disparidade de chances entre os atletas masculinos e femininos, Luana disse: “Creio que não há diferença de oportunidades, há desafios diferentes, isso sim. A motivação precisa existir sempre”.
INSPIRAÇÃO
Quando indagada sobre qual mulher mais a inspira no esporte, Luana não se restringe a um único nome. Afirma ter mais de uma fonte de admiração.
“Essa é uma pergunta difícil de responder... Existem algumas, diria várias mulheres nas quais me inspiro no esporte. No tênis de mesa, respectivamente no olímpico e no paralímpico, Bruna Takahashi e Bruna Alexandre, que chegaram num nível altíssimo, trazendo conquistas importantes para nosso país. Tive oportunidade de enfrentar a Bruna Takahashi como atleta e fico feliz de ver o nível que ela alcançou”, afirma Luana, citando também outros esportes.
“Possuo várias referências de técnicas de outros países, noutras modalidades. Acredito que as mulheres lá fora também enfrentam preconceito ao ocuparem cargos de direção. No futebol, por exemplo, acredito que haja, por acharem que se trata de um esporte masculino. Aliás, admiro muito uma técnica de futebol chamada Jill Ellis. É uma das minhas referências”.
SONHOS
“Se eu pudesse deixar um legado para as meninas das futuras gerações do esporte, é que elas podem chegar onde quiserem, onde os seus sonhos permitirem. Os sonhos, contudo, às vezes mudam de acordo com o que vamos vivenciando, de acordo com cada fase. Eu ainda tenho muitos sonhos, chegar à Seleção como técnica, fazer intercâmbio em outros países, aprender. O legado, então, seria esse: nunca deixem de sonhar. Sonhe, planeje, se prepare. Tudo pode ser alcançado, seja no esporte ou na vida pessoal”.
FATO&AÇÃO COMUNICAÇÃO
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