Por CBTM
Há doze anos trabalhando na CBTM, o ex-jogador e atual técnico e coordenador da Seleção Brasileira Masculina de Tênis de Mesa, Marles Martins, pode ser considerado um exemplo de superação e dedicação para atingir o sucesso profissional.
Oriundo de uma família humilde, já trabalhou como artesão, garçom, office boy, professor particular de matemática e português e vendedor de cachorro quente, para finalmente se estabelecer no Tênis de Mesa. Eleito o melhor técnico da América Latina em 2003 e 2004, o goiano de Quirinópolis falou com a CBTM sobre seu trabalho, metas para 2005 e sua experiência de vida.
Confira a entrevista com o técnico da Seleção Brasileira Masculina, Marles Martins.
CBTM: Fale um pouco sobre a sua função na CBTM, como Coordenador Técnico da Seleção Brasileira Masculina? Quais são as suas principais ações neste cargo?
MARLES MARTINS: O Coordenador Técnico deve se preocupar em elaborar todo o planejamento para as Seleções durante a temporada vigente, o que inclui a participação em torneios e treinamentos no Brasil e no exterior, bem como a indicação das comissões técnicas que irão atuar juntamente com a Seleção Brasileira nestes eventos.
O Coordenador juntamente com o Supervisor das Seleções (Elsner Gama Cornetti) planifica e planeja os detalhes de cada viagem, desde as datas e horários dos vôos até a prestação de contas ao final do evento.
Além disso, o Coordenador é responsável pela elaboração e revisão de procedimentos que facilitam os meios burocráticos das seleções. Os grupos TOP Internacional e TOP Brasil estão diretamente sob seus cuidados, bem como os centros de treinamentos oficiais da CBTM.
CBTM: Quais são as suas maiores dificuldades para desenvolver seu trabalho?
M.M.: Uma grande dificuldade é controlar uma série de processos importantes tendo um grupo de trabalho pequeno para o volume de trabalhos.
A constante pressão por resultados, em alguns momentos, chega a interferir no desempenho dos programas, uma vez nossos recursos financeiros provenientes da Lei Piva estão diretamente ligados a estes resultados.
Mas, a maior dificuldade com certeza é a falta de recursos financeiros para aplicar projetos maiores. Os recursos financeiros que recebemos são bons, mas basicamente atendem a frentes muito específicas de trabalho, uma vez que não são suficientes para atuar em todas as áreas que temos necessidade.
CBTM: Desde quando você ocupa este cargo na CBTM?
M.M.: Desde Fevereiro de 2002.
CBTM: Quais são as suas metas para 2005?
M.M.: Minhas metas são:
- melhorar a assistência aos jogadores brasileiros que estão atuando no exterior (TOP Internacional);
- melhorar o sistema de formação de jogadores que estão em um estágio anterior à saída do Brasil para atuar no exterior (TOP Nacional);
- instaurar um sistema de controle de atletas com idade entre 11 e 13 anos para detectar possíveis talentos através de treinamentos periódicos nos centros de treinamento homologados pela CBTM;
- criar um grupo de técnicos com a filosofia voltada ao Alto Rendimento.
CBTM: E a Seleção Brasileira, quais são os objetivos para 2005?
M.M.: Dois mil e cinco é um ano singular. Não temos nenhum grande evento pelo COB (Jogos Sul-Americanos, Pan-Americanos ou Jogos Olímpicos). Espero que nós tenhamos um bom papel no Campeonato Latino Americano do Uruguai agora no próximo mês de março, além de uma boa participação no Campeonato Mundial de Shangai - China, em Abril.
Além destes eventos, alguns atletas estarão jogando o circuito ITTF Pro Tour e espero que eles possam melhorar seus rendimentos.
CBTM: Quem você apontaria como possível(is) destaque(s) no Tênis de Mesa Brasileiro em 2005?
M.M.: Citarei alguns nomes antecipando que muito pode ser mudado e que não existe via de regra nas minhas indicações.
Thiago Monteiro em minha opinião seguirá como destaque do Brasil. Cazuo Matsumoto já é destaque este ano, pela sua atuação na categoria Sub 21 Masculina, onde foi vice-campeão no ITTF Pro Tour Croatian - um dos maiores eventos do circuito já realizado.
Creio que o Hugo Hoyama será um grande destaque nesta temporada. Assim como espero um bom desempenho de Gustavo Tsuboi e Rodrigo Kojima para 2005.
CBTM: Fale um pouco de suas experiências anteriores. Quem era o Marles Martins antes da CBTM?
M.M.: Estou trabalhando com a CBTM há exatos 12 anos. Antes eu era um jovem técnico recém saído da atividade de jogador. Iniciei minha prática ao Tênis de Mesa um pouco tarde - aos 13 anos, na cidade de Descalvado/SP, com o técnico Josué Otsuka. Mas isto não impediu que eu atingisse um bom nível no Tênis de Mesa chegando a conquistar alguns bons resultados no Estado de São Paulo e conseqüentemente no Brasil.
Os resultados não foram bons o suficiente para que eu continuasse almejando como jogador ficar no Tênis de Mesa. Foi então, por influência de Francisco Camargo que optei pela carreira de Técnico de Tênis de Mesa.
Sou proveniente de uma família humilde e antes de chegar a trabalhar como técnico, já havia trabalhado como artesão, garçom, office boy, professor particular de matemática e português e, finalmente, vendedor de cachorro quente. Creio ser uma prova viva de como o esporte pode ser um veículo de realização pessoal e profissional - uma ferramenta de formação para os que vêem a oportunidade e a agarram.
